Tinha escrito que não voltaria a escrever até ao dia que te mostrasse o texto anterior, mas a verdade é que não consegui, preciso de escrever foi a única solução que arranjei para desabafar, para me encontrar e sobretudo para esquecer. Ainda me encontro na minha casa no Porto, os fantasmas que nela habituam ainda estão cá, e desta vez estão pior que nunca. Não param de um lado pró outro, sempre a perturbar-me a qualquer altura, hoje tive que sair de casa, tive que sair daqui, tive que ir esquecer o mundo, deixar de pensar um pouco nos meus problemas, tive que me perder e encontrar. E durante o dia que estive fora não tive qualquer medo, qualquer receio, estava tudo ou quase tudo bem em mim. Voltei novamente para aqui, bastou abrir a porta dar de caras com a sala, e o sufoco regressou sem ter outra alternativa possível de escapar. Esta tudo em silencio, e eu perdida nos cobertores da sala, a televisão sem som, ainda com algum fogo a lareira, mas que não aquece praticamente nada. Estou cansada mas sono nem vê-lo e imagino que será assim a noite toda, ou neste caso mais uma noite, voltas e mais voltas na cama e nunca encontro maneira certa de adormecer, mais uma fantasma para a minha colecção, acabarei por um dia dar um nome há mesma. O telemóvel acabou de dar luz, uma mensagem tua, hoje tocou varias vezes, não eras tu propriamente mas hoje acho que toda a gente se recordou de mim, quando na verdade eu queria estar sozinha. Mais uma vez ouço as mesmas musicas, para me recordar de ti, para tentar sonhar-te mais um pouco.