Posso esconder-me? Odeio estes monstros...

Diz-me tu ao fim deste tempo todo o que ainda não passamos? O que nos pertence e o que nos vai sempre pertencer. Em tempos tive duvidas se aguentaria passar os obstáculos que passei do teu lado, de certa forma umas vezes sozinha, outras vezes contigo do meu lado a dar-me força para nunca desistir. Diz-me tu o que sentirias se algum dia eu fosse embora e não regressasse mais, diz-me tu como reagias se algum dia eu tivesse que partir sem nunca poder chamar por ti? Hoje era um daqueles dias em que precisava de ti, do teu abraço quente, das tuas mãos fortes, do teu cheiro, da tua voz, de te sentir, hoje era um daqueles dias em que a minha vida precisava de ti para se proteger do frio. Hoje era um dia em que a minha vida depende somente da tua. Hoje é o dia que preciso mais de ti, do que outro dia qualquer. Não suporto a ideia de não te ver hoje, não suporto a ideia de não te tocar,de não te ver, de não conseguir te sentir. Não aceito a ideia de estar a 50km de ti, pelo menos hoje. Amanha isso já não é um problema, estaremos mais perto na mesma cidade, com os meus cheiros de rua, com os 5km que se propõe sempre em nós. Mas odeio esta casa que hoje me encontro, odeio o sitio, odeio as recordações, odeio as lembranças, odeio os cheiros, e apesar de já teres vindo cá uma centena de vezes, achei eu que é o caminho para afastar os monstros, mas percebi que não, eles continuam aqui, em cada esquina, em cada canto, em cada lugar nos mesmos sítios, sem nunca terem saído, só eu é que achava que sim. E apesar do meu quarto estar completamente mudado, e ser habitado pela minha irmã, ele continua igual para mim, e não consigo entrar no mesmo. Nem posso. Sei que vou chorar, e já chega dessas mesmas recordações por toda a casa. Vem-me buscar. Pelo menos hoje.